Save the publication to a stack Like to get better recommendations The publisher does not have the license to enable download Published on Jun 30, 2018 Título(s): Mediações culturais, identidade nacional e samba na Revista da Música Popular Autor: Rodrigo José Brasil Silva Titulação: Dissertação apre...  Portal Academia do Samba
7 ABREU, Martha; DANTAS, Carolina Vianna. Músi- - ria. Textos escolhidos de cultura e arte populares, Rio de Janeiro, v.13, n.1, p. 7-25, mai. 2016. DOI: 10.12957/tecap.2016.20749 MÚSICA POPULAR, IDENTIDADE NACIONAL E ESCRITA DA HISTÓRIA Martha Abreu (UFF) e Carolina Vianna Dantas (Fiocruz-EPJV) A parr de textos de folcloristas, da produção fonográca e editorial sobre música popular, entre o nal do século XIX e o início do XX, e da própria historiograa, pretende- se discur a construção de uma poderosa versão musical sobre a nação. A escrita da história da música popular arculou-se, nas primeiras décadas republicanas, aos de- bates sobre idendade nacional e mesçagem. MÚSICA POPULAR; MESTIÇAGEM; IDENTIDADE NACIONAL; PRIMEIRA REPÚBLICA.
8Textos Escolhidos de Cultura e Arte Populares, v. 13. n. 1, mai. 2016 ABREU, Martha; DANTAS, Carolina Vianna. Músi- - ria. Textos escolhidos de cultura e arte populares, Rio de Janeiro, v.13, n.1, p. 7-25, mai. 2016. POPULAR MUSIC, NATIONAL IDENTITY AND THE WRITING OF HISTORY Martha Abreu (UFF) e Carolina Vianna Dantas (Fiocruz-EPJV) From the texts of folklorists on the phonographic and edi- torial producon on popular music between the end of the nineteenth century and the beginning of the tweneth, and from the historiography itself, we intend to discuss the construcon of a powerful musical version about the naon. The wring of the history of popular music was arculated, in the rst republican decades, by the debates on naonal identy and miscegenaon. POPULAR MUSIC; MISCegenAtIOn; nAtIOnAL IDentItY; FIRSt RePUBLIC.
9 Circula, ainda hoje, em ambientes acadêmicos e em diversos lugares de produção cultural, a ideia (junto com a certeza) de que a música popular é uma das mais fortes representações do Brasil e da cultura brasileira, embora não exis- - 1 Se recuarmos no tempo, são inúmeros os registros sobre a construção des- sa poderosa representação musical do Brasil. Nos anos 60, por exemplo, Antonio Candido (1989, p. 33-34) considerou a música popular “um dos fatos mais impor- tantes da nossa cultura contemporânea”, capaz de “quebrar barreiras” entre gru- pos sociais diferentes. Nas décadas de 1930 e 1940, Mário de Andrade e Gilberto e a “arte mais totalmente nacional” (, 1995, p. 33). Mesmo antes, desde o século XIX, as avaliações sobre a música popular sempre acompanharam as dis- cussões sobre o caráter nacional brasileiro ou sobre os traços originais do que se convencionou chamar de cultura brasileira. tão naturalmente, mediante a eleição de um samba genérico ou da poderosa si- 2- quando encontramos registros mais densos da estreita aproximação entre músi- ca popular e nação brasileira.3 - - nidores de uma nova forma de olhar a música popular (e o samba em especial), Antes dos anos 30, a música popular - rante os gêneros musicais ditos civilizados (, 2013), reforçando os este- -
10 Textos Escolhidos de Cultura e Arte Populares, v. 13. n. 1, mai. 2016 MARCOS DA HISTÓRIA DA MÚSICA POPULAR - mento musical dos intelectuais modernistas, especialmente Mário de Andrade, reforçou, em texto de 2004, os marcos dos “novos tempos” de valorização das - - - te de Heitor Villa-Lobos, Alberto Nepomuceno e Luciano Gallet “descobririam um , 2004, p. 7), tendência agora bastante valorizada na moderna Paris e oposta aos chama- dos gostos europeizados da Belle Époque (e da República Velha). Essa “(re)descoberta” musical do Brasil não é novidade; seria o motor de ação e propaganda dos intelectuais do chamado movimento modernista de 1922, - - - Ensaio sobre a música brasileira, de Mário de Andrade, de 1928, te- - go do século XX. musical”, em torno do caráter excludente e não nacional do gosto e da produ- - desdobramentos, vários músicos e gêneros musicais foram esquecidos, preteri- , 2009). - - , 2007; - , 1996; , 1997; , 1998; , 2002).
11 Permanece muito forte, mesmo em trabalhos mais recentes, a ideia de mais centralizado no samba (ou nos sambas?). Ao lado dos modernistas de 1922, - to de ruptura do passado cultural e musical brasileiro (, 1995, p. 127). Al- guns historiadores chegaram a sugerir que a realização desse projeto cultural es- - tegração nacional (, 2000). A exaltação da “música popular” e do(s) samba(s) como música genuina- - 4 Como demonstrou - cionais em eventos bastante divulgados, como o Dia da Música Popular e a Noite - - musical brasileiro, a diferentes pontos do planeta. A valorização da “música po- 5 O que ainda chama a atenção, entretanto, é a presunção um tanto quanto - gadas sobre a Belle Époque, a música popular teria sido perseguida, como uma - - - das. Para Carlos Sandroni (2001, p.111), que nos brindou com a frase, a ideia tor- - , 2006). - - - mente os setores populares, nem valorizar as coisas “genuinamente” nacionais,
12 Textos Escolhidos de Cultura e Arte Populares, v. 13. n. 1, mai. 2016 inverter os sinais de avaliação da Primeira República, até porque essa tarefa seria contribuem para colocar no esquecimento determinadas experiências e projetos , 2009; , 2005). Se intelectuais e governantes na Primeira República de fato defenderam - - vam como brasileira (, 2007; - - - , 2009; - , 2005; , 2014). Não precisaram das décadas de 1920 e 1930 para ser A PRIMEIRA REPÚBLICA EM TERMOS MUSICAIS ponto-chave para a compreensão das avaliações sobre a Primeira República. Em nos primeiros tempos republicanos a busca da modernidade europeia – repre- sentada pela expressão Belle Époque – norteou a ação e o pensamento das elites , 1983; , 1993; - , 1988; , 1989). Ávidas pela modernidade e pelo progresso, essas elites - . - - - - -
13 e da arte brasileiras. Seguindo essa linha de argumentação, as manifestações po- - - lorização de expressões populares, quando citadas e reconhecidas, foram vistas A despeito das perseguições e dos projetos intelectuais modernizantes, muitos historiadores apontaram a persistência de batuques, sambas, maxixes e candomblés. Mas esses gêneros populares acabaram ocupando o espaço, histo- , 1998). O binômio “repressão e resis- tência” tornou-se também uma possibilidade de interpretação da vida cultural e musical da Primeira República.6 O que estamos propondo para a compreensão dos primeiros tempos re- - - quanto a República provocaram entre os intelectuais uma espécie de tomada de - da presença da África nos batuques, sambas, maracatus, bois, congados e jongos. - pular brasileira ganhou destaque na obra dos folcloristas e passou a ser um dos poucos locais em que sua presença era reconhecida (, 2015). Mesmo que pouco conhecidos atualmente, intelectuais folcloristas, pre- ocupados com a música popular, como Mello Moraes Filho, Francisco José de Santa’Anna Nery, Rodrigues de Carvalho, Francisco Pereira da Costa, Alexina de Magalhães Pinto, Guilherme de Mello e Julia Brito Mendes, estavam engajados - - raciais para a nação (, 2003). Os trabalhos desses intelectuais, folcloristas e literatos focalizavam dife- rentes regiões do interior do Brasil (Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e Sul). Em- bora mais ligados ao mundo rural, nem todos deixaram de valorizar a música popular urbana. Muitos registros de folcloristas provincianos, aliás, foram edita-
14 Textos Escolhidos de Cultura e Arte Populares, v. 13. n. 1, mai. 2016 dos e vendidos na cidade do Rio de Janeiro, por intermédio de editoras e revis- Kosmos. O assunto dos fol- cloristas era matéria a ser apreciada em respeitosos salões, como o da Bibliote- ca Nacional. - - Obviamente, apesar da pretensão, deixaram evidentes os limites e a im- - - - - , 1995, p. 53, 75) foi (e ainda é) recorren- te também nas construções sobre uma suposta brasilidade musical e sobre as vi- sões do popular. - duzindo máximas apregoadas sobre a “raça negra”7- guns gêneros como os mais nacionais, a presença dessas obras e de seus autores - - da cultura nacional. Certamente, o que esses intelectuais debateram e defende- ram não era fruto apenas das especulações do mundo letrado ou de uma onda de como irreverentes, obscenas ou graciosas – estavam nas ruas, nas festas e nos te- - res populares. O trabalho dos folcloristas, bem como suas versões sobre o popu- - - “brasileiras” (, 2006), assim como discos de modinhas, choros e lundus con- -
15 leiro”, como apresentavam os catálogos da Casa Edison. A música popular – en- e passava a atrair o interesse de um público cada vez mais amplo e variado nos teatros e nas casas de espetáculo. Assim, não é de surpreender que, com evi- - - - - lo da Paixão Cearense. A preocupação de folcloristas e famosos literatos, como Afonso Arinos, em na chamada música popular podia também ser localizada em publicações urba- nas baratas, organizadas por músicos que ganhavam reconhecimento no Rio de Janeiro e por editoras como a Quaresma, em geral condenadas por ilustres escri- tores. Eduardo das Neves e Catulo da Paixão Cearense, por exemplo, aproxima- vam-se dos primeiros coletores do folclore musical, como o Dr. Mello Moraes Fi- lho e a Professora Júlia Brito Mendes, ao revelar um inegável orgulho pela produ- ção musical que denominavam popular e brasileira em suas coletâneas. As repre- sentações e idealizações sobre certa brasilidade musical popular encontravam-se - cio do século XX, publicou livros na Editora Quaresma. O cantor de modinhas bra- sileiras, provavelmente o primeiro livro com a indicação de seu nome, fora publi- cado em 1903 ou 1904, mas ainda era vendido em 1927, como consta na capa da edição que localizamos ( circulação da obra e ainda recebiam atributos de “brasileiras”. Catulo da Paixão Cearense teria organizado a coleção e feito “as correções” de todas as poesias das modinhas, lundus e canções, como escreveu no prefácio do referido livro.8 O mesmo Catulo, por sua vez, em 1908, no prefácio do livro Cancioneiro popular de modinhas brasileiras, em sua 25a edição, publicada no Rio de Janeiro pela Livraria do Povo do editor Pedro Quaresma, defendia com orgulho as “com- posições do povo”: -
16 Textos Escolhidos de Cultura e Arte Populares, v. 13. n. 1, mai. 2016 menoscabam do violão, por ser ele, dizem, o instrumento dos de- socupados e perdidos (...) Concluo, lamentando não ver neste volu- me, o que seria um trabalho colossal, todas as nossas ternas, mei- gas, doces e saudosas modinhas brasileiras, preciosas joias... Mas, ainda assim, os Srs. Quaresma vão prestando, conscientemente, à literatura mais nacional – a do povo9 (grifos nossos). A ideia de música popular e de música brasileira, especialmente represen- tada nesse caso pela modinha, não se encontrava apenas entre importantes in- telectuais. Podia ser vista e comprada em livrarias e entre fornecedores da indús- dos teatros de revista, que sonhavam em ser reconhecidos como representantes da canção e da música popular brasileiras. Muito provavelmente as versões des- sas canções eram bem menos censuradas do que as que se encontravam nas co- letâneas organizadas por eruditos folcloristas. Mesmo que o campo musical nunca tenha deixado de ser um local de dis- - cionais, parece não ter sido mais abalada a certeza expressa por Guilherme de Mello, em 1908, de que e inteiramente nacional”.10 A tendência de avaliar a música e a canção populares e músicos até os nossos dias, como já destacamos. A BUSCA DE UMA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA MESTIÇA O interesse comum de vários folcloristas sobre a música e a canção popu- - - riedade de gêneros – e escolhas – apontados por eles como os mais originalmen- te nacionais. - cam-se como manancial mais fecundo da poesia popular. O baiano, por exemplo, “uma das maiores originalidades do Brasil”. E como não poderia deixar de ser, o
17 nele o elemento africano, “por mais que queiramos esconder”, sentenciava o au- tor.11 A primeira obra de fôlego de Romero sobre folclore foi exatamente Cantos populares do Brasil, publicada no Rio de Janeiro, pela Livraria Clássica de Alves e Cia, em 1897. Sem realizar o registro musical, Romero descreveu Romances e xá- caras; Bailes, cheganças e reisados; Versos gerais; Orações e parlendas. Em todas - - lume, encontram-se os lundus, as chulas e as modinhas, que na avaliação de Câ- mara Cascudo, comentarista da edição de 1954, eram cantadas por quase todo o Brasil da época. - - na Dias Campos Ferlim (2005), em Cantares brasileiros, de 1900 (publicado no Rio Serenatas e saraus, de 1901 (“Cole- - Editora Garnier), o autor contemplou um universo bastante variado de canções: - - nero que acabou elegendo como o mais nacional. em 1905, numa importante revista de divulgação – a Kosmos- lado exatamente Música Popular.12 Para o autor, ela era “expressão espontânea de gênio de nosso povo”, a “musa popular”, fruto da presença do português e do - - - va os tons nostálgicos da musa peninsular com os acentos bárba- ros e cheios de desesperança dos cantares africanos e punha-lhes em cima um sainete todo seu: o langor, o requebro e os momos da mesça petulante13 (grifos nossos). Afonso Arinos era um exemplo de intelectual que, como tantos outros, - res brasileiros” para melhor se conhecer o Brasil. Iniciando uma espécie de cam- Kosmos, ape- lava para as mulheres – “as maiores inspiradoras dos poetas” – assumirem a ta- refa de “repatriar a música brasileira exilada das nossas grandes cidades e dos
18 Textos Escolhidos de Cultura e Arte Populares, v. 13. n. 1, mai. 2016 salões, honrá-la nos seus cultores e intérpretes”. Até para “o bom governo dos - gas – que fossem ouvidas e valorizadas as lições das canções populares. Em sua visão, de acordo com as concepções dos folcloristas, não era interessante contra- - ção espontânea dos povos. Claro, entretanto, que toda essa valorização das “tra- dições musicais nacionais” exigiria uma separação entre o que havia de trigo e de desvario das orgias” poderiam estar refrões ou “coplas brutais e grosseiras”. Para era essencialmente ignorante, não deixava de ser profundamente genial”. produção de estudos sobre o folclore, apostou, em 1906, na música como espa- ço de formação da nossa originalidade nacional via miscigenação. Em sua espécie - bém publicado na Kosmos- maxixe e do samba.14- 15 Na Saúde se dançava o samba: “uma fusão de danças” que misturava o “jongo”, os “batuques” africanos, o “connaverde” dos portugueses e a “poracé” - - pécie de bule, onde entram, separados, o café escuro e o leite claro, e de onde - Uma proposta mais ampla e consistente, no entanto, que envolveu a cons- - denominado professor de música, o autor escreveu A música no Brasil, desde os tempos coloniais até o primeiro decênio da República, um livro de fôlego com 366 completa da música no Brasil, posto que seriam necessários muitos recursos e vi- sitas a diversos estados. A maior parte de seus exemplos refere-se ao Nordeste,
19 Dialogando com Mello Moraes Filho e dando algumas pistas para se com- preender as razões que o levaram a considerar a música popular um fator de - - - - - com o português, o africano e o espanhol”.16 Alguns anos depois, em 1911, a professora mineira Alexina de Magalhães Pinto organizou Cangas das crianças e do povo, danças populares.17 Publicado no Rio de Janeiro pela Livraria Francisco Alves, em 1916, o livro reúne registros, - - - - folclore para a tarefa “de contribuir para realizar-se o ideal de condensação, de - ma que na visão de Arinos, as canções populares não poderiam ser inteiramen- te aceitas sem censura, como parecia ser o caso da canção “Sapo jururu”, coligi- da dos lábios de uma “menina branca” e de uma “preta”. Alexina teria suprimido - 18 Também em 1911, outra folclorista, Julia Brito Mendes, pianista reconhe- Rio de Janeiro, a obra Canções populares do Brasil registro das canções teria dado muito trabalho, pois, além da localização de in-
20 Textos Escolhidos de Cultura e Arte Populares, v. 13. n. 1, mai. 2016 formantes que soubessem as músicas, elas precisavam ser escritas. Ao reunir de fato inúmeras modinhas, muitas com autoria reconhecida, e alguns exemplares - - logo entre o autor (Brito Mendes) e outra pessoa, pretensamente um renomado - te lhe chamam”. A tarefa de Brito Mendes foi convencer o interlocutor de que as canções populares eram o que de mais caracterísco se encontra nos costumes bra- sileiros; com sua nota profundamente terna, incomparavelmente terna (...) de suave e lânguida melodia, são a expressão mais perfei- ou fora deles outra coisa que mais parcularmente recorde os cos- tumes do país19 (grifos nossos). - - pulares – transformadas em música e canção brasileiras – e até mesmo sobre os - trutores dessa chamada cultura musical do Brasil. Mas entendemos que já te- - - - va, mesmo que com gêneros diversos, a valorização do que se entendia, naquele popular, - embora não se tenha reconhecido o importante papel de seus primeiros escrito- - ristas da Primeira República. NOTAS Abreu e Carolina V. Dantas. Música popular, folclore e nação no Brasil, 1890- 1920, no livro Nação e cidadania no Oitocentos, organizado por José Murilo de da Primeira República, ARtCultura, Uberlândia, v. 13, n. 22, jan.-jun, 2011.
21 - - pular, organizado pela revista Art e Cultura, em 2006 (v. 8, n. 13), e os livros Música e história no longo século XIX: de Caldas Barbosa a Baiano ( , 2011), e Palavra cantada: estudos transdisciplinares ( , 2014). - ção em termos musicais. Sobre a construção da música brasileira no século XIX, ver Magaldi (2004), Ulhoa (2007) e Leme (2006). - rizaram expressões culturais populares, não se pode esquecer que as opera- ções de escolha do que seria o verdadeiro “popular” e “nacional” nunca dei- de samba. Mário de Andrade também reclamava da perseguição aos xangôs, maracatus e bois no Nordeste na época do Estado Novo (, 2001, p.113). 5 Não aprofundarei aqui os esforços de Mário de Andrade e Renato Almeida, nas décadas de 1930 e 1940, para o estudo do que entendiam por música popular 7 Em meio aos elogios e entusiasmos em relação ao resultado musical da mes- conseguiram escapar de determinados preconceitos, especialmente no que 8 A edição que localizamos é de 1927. O exemplar de Cantor de modinhas brasi- leiras apresentava-se com “modinhas do ilustre cantor Eduardo das Neves e - 9 O exemplar que consultamos na Biblioteca Nacional do Cancioneiro popular de modinhas brasileiras, foi publicado no Rio de Janeiro pela Livraria do Povo, em 1908 (25a edição). Catulo da Paixão Cearense (1866-1946) foi um dos mais co- muitos contatos com Mello Moraes Filho e com o livreiro Pedro da Silva Qua- resma, proprietário da Livraria do Povo/Editora Quaresma. Nessa editora or- ganizou coletâneas sobre o “cancioneiro popular” e publicou canções de sua (2005) e Carvalho (2006).
22 Textos Escolhidos de Cultura e Arte Populares, v. 13. n. 1, mai. 2016 10 O livro de Guilherme de Mello consultado, A Música no Brasil, foi editado na Contos populares do Brasil, é de 1985, editada em Belo Horizonte pela Editora Villa Rica, p. 56-57. A primeira edição foi publicada em Lisboa, em 1883. 12 Afonso Arinos (1868-1916) foi advogado, jornalista e escritor. Publicou, entre outros livros, Pelo sertão (1898), Histórias e paisagens (1921) e Lendas e tra- dições brasileiras. (, 2010). Kosmos, no Rio de Janei- ro (ano 2, n. 4, abr. 1905). A dança no Rio de Janeiro, foi publica- do pela revista Kosmos, no Rio de Janeiro (ano 3, n. 5, maio 1906). Para a dis- publicação dos estudos de Gilberto Freyre, ver Dantas (2010, p.71-83). 15 O autor não mencionou o fato, mas no bairro da Saúde – localizado na região central da cidade do Rio, nas imediações do porto – concentravam-se negros, capoeiras (, 2001, p. 165). 16 O longo livro de Guilherme Theodoro Pereira de Mello A música no Brasil foi publicado na 17 Alexina de Magalhães Pinto (1870-1921) era professora e foi pioneira nos es- direcionados para o público infanto-juvenil. 18 Alexina de Magalhães Pinto publicou Cangas das crianças e do povo, e dan- ças populares (Coleção Icks, série A) pela Livraria Francisco Alves, em 1911 e 196. 19 Julia Brito Mendes publicou Canções populares do Brasil pela Livraria Cruz Coutinho, no Rio de Janeiro, p. XI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, M. O legado das canções escravas nos Estados Unidos e Brasil. Diálogos Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 35, n. 69, p. 177-204, 2015. - rias de um músico cantor (1890-1920). Topoi, Rio de Janeiro, v.11, p. 92-113, 2010. AUGUSTO, A. J. H. A. de M. Henrique Alves de Mesquita. Da pérola mais luminosa à poeira do esquecimento. Rio de Janeiro: Folha Seca, 2014.
23 BARROS, Orlando de. Corações de Chocolat. A história da Companhia Negra de Revistas (1926-27). Rio de Janeiro: Livre Expressão, 2005. BRAGA. L. O. R. C. A invenção da música popular brasileira: de 1930 ao nal do Es- tado Novo- cial, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 2002. CANDIDO, Antônio. A Revolução de 30 e a cultura. In: Educação pela noite e ou- tros ensaios CARVALHO, M. G de. Catulo da Paixão Cearense: memórias e histórias de músicos populares no Rio de Janeiro do nal do século XIX e início do XX. 2006. Disser- CONTIER, A. D. O nacional na música erudita brasileira: Mário de Andrade e a Fênix – Revista de História e Estudos Cultu- rais, Minas Gerais, v. 1, n. 1, 2004. - Revis- ta Música, São Paulo, v.6, n.1/2, maio-nov. 1995. CUNHA, F. L da. Da marginalidade ao estrelato: o samba na construção da nacio- nalidade (1917-1945). São Paulo: AnnaBlume, 2004. CUNHA, M. C. P. Carnaval e outras f(r)estas. Ensaios de história social da cultura. Campinas: Ed. Unicamp, 2002. CUNHA, M. C. P. Ecos da folia, uma história social do carnaval carioca. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. DANTAS, C.V. A nação entre sambas, cordões e capoeiras nas primeira décadas dos século XX. ArtCultura, Uberlândia, v. 13, n. 22, p. 71-83, jan.-jun., 2011. DANTAS, C.V. O Brasil café com leite: mesçagem e idendade nacional em perió- dicos. Rio de Janeiro: Edições Casa Rui Barbosa, 2010. ESTEVES, M. Abreu. Meninas perdidas, os populares e o codiano do amor no Rio de Janeiro da Belle Époque. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989. FERLIM, U. D. C. A polifonia das modinhas. Diversidade e tensões musicais no Rio de Janeiro na passagem do século XIX ao XX. Dissertação de mestrado – Ins- Campinas, 2005. ABREU, M.; GONTIJO, R.; SOIHET, R. Cultura políca e leituras do passado: his- toriograa e ensino de história. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. GOMES, A. de Castro; ABREU, M. Apresentação Dossiê A nova “Velha” República. Revista Tempo, Rio de Janeiro, v. 13, n. 26, 2009. HERTZMAN, M. Making samba: a new history of race and samba in Brazil. Durham: Duke University Press, 2013. LEME, M. N. E saíram à luz as novas polcas, modinhas, lundus e etc.: música po- pular e impressão musical no Rio de Janeiro (1820-1920). Tese de Doutorado
24 Textos Escolhidos de Cultura e Arte Populares, v. 13. n. 1, mai. 2016 - LOPES, H. Vem cá, mulata! Tempo. Revista do Departamento de História da UFF, LOPES, H. et al. Música e história no longo século XIX: de Caldas Barbosa a Baia- no. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 2011. MAGALDI, C. Music in Imperial Rio de Janeiro: European culture in a tropical mi- lieu. Lanham: The Scarecrow Press, 2004. MARTINS. L. M. B. Os Oito Batutas: história e música brasileira nos anos 1920. Rio de Janeiro: Ed.UFRJ, 2014. MATOS, C. N.; MEDEIROS, F.T.; OLIVEIRA, L.D. Palavra Cantada: estudos transdis- ciplinares. Rio de Janeiro: Ed. Uerj, 2014. ArtCultura, Uber- lândia, v. 8, n. 13, jul.-dez. 2006. NAVES. S. C. O violão azul. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1998. Belle Époque tropical. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. NOGUEIRA. A. G. R. Por um inventário dos sendos. Mário de Andrade e a concep- ção de patrimônio e inventário. São Paulo: Hucitec, 2005. PARANHOS, A. O Brasil nasceu cansado? Entre o louvor e o horror ao trabalho na música popular (1930/1940). OPSIS, Revista do Departamento de História e Ciências Sociais UFG, Goiás, v. 8, n. 11, 2008. PEREIRA, A. R. Música, sociedade e políca. Alberto Nepomuceno e a República musical. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2007. PEREIRA, L. A. de M. Literatura em movimento. Coelho Neto e o público das ruas. In: CHALHOUB, S. Neves M; PEREIRA, L. A. de M. (Org.). Histórias em cousas miúdas. Campinas: Editora da Unicamp, 2005. QUINTERO-RIVERA, Mareia. A cor e o som da nação. A ideia de mesçagem mu- sical do Caribe hispânico e do Brasil (1928-1948). São Paulo: AnnaBlume, 2000. RIBEIRO, C. B. O Norte, um lugar para a nacionalidade. Dissertação de Mestra- Campinas, 2003. SANDRONI, Carlos. Feiço decente. Transformações do samba no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, p.113, 2001. malandra. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v.10 n. 29, p. 53- 75, out. 1995 SEVCENKO, Nicolau. Literatura como missão: tensões sociais e criação cultural na Primeira República. São Paulo: Brasiliense, 1983.
25 SOIHET, Rachel. A subversão pelo riso. Estudos sobre o carnaval carioca da Bel- le Époque ao tempo de Vargas. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getulio Vargas, 1998. TRAVASSOS. Elizabeth. Os mandarins milagrosos. Arte e etnograa em Mário de Andrade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997. Ictus, Salva- dor, v. 8, p. 1-14, 2007. VELLOSO, M. P. Modernismo no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Ed. Fundação Ge- tulio Vargas, 1996. VELLOSO, M. P. Tradições populares na primeira década do século XX. Rio de Ja- neiro: Funarte, 1988. VIANNA, Hermano. O mistério do samba. Rio de Janeiro: Zahar Ed, 1995. Martha Abreu Carolina Vianna Dantas é professora e pesquisadora da Fiocruz (EPJV).
26 Textos Escolhidos de Cultura e Arte Populares, v. 13. n. 1, mai. 2016 |
A descoberta do samba música popular e identidade nacional
Postagens relacionadas
direito autoral © 2024 aprendervalor Inc.
