A construção da identidade brasileira por meio da cultura popular

A identidade cultural ainda é bastante discutida dentro dos círculos teóricos das Ciências Sociais em face de sua complexidade. Entre as possíveis formas de entendimento da ideia de identidade cultural, exitem duas concepções distintas que devemos destacar dentro dos estudos sociológicos mais recentes. Essas concepções de identidade são brevemente explicadas por Anthony Giddens, sociólogo britânico, e nos ajudarão a entender melhor esse conceito.

Antes de falarmos sobre os diferentes conceitos de identidade cultural, devemos esclarecer primeiro a ideia geral de cultura e de identidade. A noção de cultura faz alusão às características socialmente herdadas e aprendidas que os indivíduos adquirem a partir de seu convívio social. Entre essas características, estão a língua, a culinária, o jeito de se vestir, as crenças religiosas, normas e valores. Esses traços culturais possuem influência direta sobre a construção de nossas identidades, uma vez que elas constituem grande parte do conjunto de atributos que formam o contexto comum entre os indivíduos de uma mesma sociedade e são parte fundamental da comunicação e da cooperação entre os sujeitos.

O conceito de identidade refere-se a uma parte mais individual do sujeito social, mas que ainda assim é totalmente dependente do âmbito comum e da convivência social. De forma geral, entende-se por identidade aquilo que se relaciona com o conjunto de entendimentos que uma pessoa possui sobre si mesma e sobre tudo aquilo que lhe é significativo. Esse entendimento é construído a partir de determinadas fontes de significado que são construídas socialmente, como o gênero, nacionalidade ou classe social, e que passam a ser usadas pelos indivíduos como plataforma de construção de sua identidade.

Dentro desse conceito de identidade, há duas distinções importantes que devemos entender antes de prosseguirmos. A teoria sociológica distingue duas apreensões: a identidade social e a autoidentidade. A identidade social refere-se às características atribuídas a um indivíduo pelos outros, o que serve como uma espécie de categorização realizada pelos demais indivíduos para identificar o que uma pessoa em particular é. Portanto, o título profissional de médico, por exemplo, quando atribuído a um sujeito, possui uma série de qualidades predefinidas no contexto social que são atribuídas aos indivíduos que exercem essa profissão. A partir disso, o sujeito posiciona-se e é posicionado em seu âmbito social em relação a outros indivíduos que partilham dos mesmos atributos.

O conceito de autoidentidade (ou a identidade pessoal) refere-se à formulação de um sentido único que atribuímos a nós mesmos e à nossa relação individual que desenvolvemos com o restante do mundo. A escola teórica do “interacionismo simbólico” é o principal ponto de apoio para essa ideia, já que parte da noção de que é diante da interação entre o indivíduo e o mundo exterior que surge a formação de um sentido de “si mesmo”. Esse diálogo entre mundo interior do indivíduo e mundo exterior da sociedade molda a identidade do sujeito que se forma a partir de suas escolhas no decorrer de sua vida.

Por fim, podemos estabelecer, diante do que já foi esclarecido, que o conceito de identidade cultural faz alusão à construção identitária de cada indivíduo em seu contexto cultural. Em outras palavras, a identidade cultural está relacionada com a forma como vemos o mundo exterior e como nos posicionamos em relação a ele. Esse processo é continuo e perpétuo, o que significa que a identidade de um sujeito está sempre sujeita a mudanças. Nesse sentido, a identidade cultural preenche os espaços de mediação entre o mundo “interior” e o mundo “exterior”, entre o mundo pessoal e o mundo público. Nesse processo, ao mesmo tempo que projetamos nossas particularidades sobre o mundo exterior (ações individuais de vontade ou desejo particular), também internalizamos o mundo exterior (normas, valores, língua...). É nessa relação que construímos nossas identidades.

Por Lucas Oliveira

Graduado em Sociologia

Olá, educando (a)! Esta videoaula de História foi veiculada na TV no dia 11 de Março de 2021 (Quinta-Feira). Aqui no Portal Conexão Escola, ela está disponível juntamente com a proposta de atividade.

Nesta aula estudaremos sobre nossa cultura e a construção da identidade nacional no século XIX e o papel da cultura letrada e não letrada nessa construção. Abordaremos o fim do império destacando alguns aspectos sociais, culturais, econômicos e políticos da emergência da República no Brasil.

Temática – O Brasil no século XIX: A construção da identidade nacional Brasileira e a queda da Monarquia no Brasil. Disponível em: <//pixabay.com/>.

Assista a videoaula abaixo, com a temática – O Brasil no século XIX: A construção da identidade nacional Brasileira e a queda da Monarquia no Brasil.

AGRUPAMENTO I | 9º ANO | CICLO DA ADOLESCÊNCIA |HISTÓRIA | PROF.: UILSON

O papel da história

Neste início de ano letivo é importante lembrar o que disse o Historiador March Bloch:  a História não é a ciência que estuda os acontecimentos passados, mas sim a ciência que estuda o homem e sua ação no tempo (BLOCH, 2002, p.55). Eu acrescentaria que história é a ciência que estuda o homem e sua ação no tempo e no espaço. Porque além de sua localização temporal, precisamos de sua localização no espaço para compreender essas mudanças ou permanências na sociedade. 

Então estudar história não é sobre memorizar datas, locais ou simplesmente acontecimentos. Citando o estudioso alemão Jorn Rusen SCHMDT (2017, p. 62): “os estudos de Rusen nos ajudam compreender como o pensamento histórico contribui para orientar, temporalmente, a vida humana para dentro (identidade) e para fora (práxis).”

Pois bem, é isso que estudarão e compreenderão neste ano letivo. Convido vocês a partilharem comigo este caminho pelas trilhas da história e a construção do conhecimento.

Identidade Nacional Brasileira no século XIX

Falar sobre uma identidade nacional brasileira apresenta complexidade. A identidade brasileira foi construída aos poucos, ligada ao projeto de Estado e de nação de suas elites. Aqui cabe estabelecer que existe  uma cultura chamada de letrada (erudita) e não letrada (popular). A principal diferença entre a cultura popular e a cultura erudita é que a primeira se baseia nos costumes e tradições do povo. Por outro lado, a cultura erudita estaria relacionada com um pensamento mais crítico, elaborado e elitizado da sociedade.

A cultura popular é realizada de forma espontânea pelo grupo social que a produz. Geralmente, é transmitida de maneira oral e entre as famílias. 

Nesse processo, a nação e a identidade nacional surgiram depois da criação do próprio Estado brasileiro.

O conceito de Estado costuma estar associado ao conceito de nação, porém eles não são idênticos. O Estado é uma organização política com governo próprio, dotada de aparelho administrativo (burocracia), que exerce a soberania sobre determinado território. Já o conceito de nação envolve mais especificamente as pessoas que habitam o território, partilhando características em comum que lhes conferem uma identidade: passado (experiência histórica), língua, costumes, religião e geografia. Assistam ao vídeo abaixo produzido pela FTD sobre nossa cultura e identidade para revisar esses conceitos.

Assista ao vídeo – Cultura brasileira e Identidade nacional produzido pela FTD Educação.

Cultura brasileira e Identidade nacional

Vimos por meio do vídeo, que os povos constituintes na formação da identidade cultural e nacional brasileira e que reflete o nosso entendimento nos dias atuais. Porém, não podemos esquecer que a identidade brasileira foi construída aos poucos, ligada ao projeto de Estado e de nação de suas elites desde a época do Império do Brasil, perpassando pela República com a fabricação de seus heróis.

No final do século XIX, a vida cultural foi bastante influenciada pelas transformações políticas, sociais e econômicas ocorridas no Brasil. 

A literatura  Esse período da literatura brasileira é chamado romantismo indianista que explorava temas ligados principalmente à natureza e aos indígenas e apresentava o ideal de construção e de exaltação da pátria. Com Machado de Assis ( 1839-1871) o chamado romance realista que ao contrário do romantismo, que exaltava o nacionalismo e um passado histórico idealizado, o realismo foi uma corrente contestadora, objetiva e voltada para os acontecimentos do presente.

A pintura → Nas artes plásticas, destacam-se as pinturas com temas religiosos e históricos, além dos temas relacionados ao cotidiano do povo brasileiro.

A música → Assim como os pintores, alguns músicos brasileiros receberam o apoio do governo imperial para estudar na Europa. A música erudita não foi a única expressão musical durante o Segundo Reinado. Diferentes ritmos e danças, como o frevo e o maxixe, ganharam espaço nas ruas e nos bailes populares. O frevo nasceu em Pernambuco, no final do século XIX, sob grande influência de ritmos afro-brasileiros. Nessa época, ele era tocado por bandas militares e fanfarras populares para animar os desfiles de rua das cidades de Recife e Olinda. O maxixe se desenvolveu principalmente no Rio de Janeiro, no final do século XIX. Tocado em bailes populares, o maxixe era uma versão acelerada de ritmos europeus, como a polca e a marcha.

O Carnaval → No século XIX, começaram a surgir as primeiras sociedades carnavalescas no Rio de Janeiro, que tinham o objetivo de organizar as brincadeiras de rua para evitar problemas com a polícia. A partir da década de 1880, as sociedades carnavalescas investiram na produção de carros alegóricos para desfilar pelas ruas da cidade. Em cima desses carros, as bandas de músicos tocavam os ritmos carnavalescos mais conhecidos pela população, como a marcha, o maxixe e o frevo.

O fim da Monarquia no Brasil

A Monarquia imperial brasileira estava cambaleante no final do século XIX. Você tomará conhecimento de alguns fatores que contribuíram para que a crise no Império acabasse na proclamação da República, em 1889. A fim de facilitar o seu entendimento, considere que o império tinha alguns pilares de sustentação que, aos poucos, foram caindo, deixando de manter o regime imperial em pé. Imagine que o Império é um grande edifício. Toda construção precisa de uma base para permanecer firme, não é mesmo? A base do império, podemos dizer, era formada por um tripé de sustentação, que, aos poucos, deixou de apoiá-lo, levando-o ao chão. Esse suposto tripé era formado pelo apoio da Igreja, do exército e de setores escravocratas da sociedade brasileira. Cada qual, ao seu tempo, deixou de apoiar o sistema imperial, contribuindo para seu “derradeiro suspiro de vida”. Além desse tripé de apoio, devemos citar a crescente mobilização republicana no Brasil. Após 1870, jornais e clubes republicanos passaram a defender, cada vez mais insistentemente, a necessidade de se alterar o sistema de governo brasileiro.

Observe a imagem abaixo sobre a queda da monarquia brasileira

Relembrando a aula – Vimos nesta aula como se deu a construção e constituição da cultura nacional e identidade nacional no Brasil no século XIX. Identificamos que essa identidade foi construída sob a tutela da elite econômica e intelectual brasileira. Problematizamos sobre as condições que determinaram o fim da monarquia e o advento da República no Brasil.

Atividade

Questão 1. Como sugestão de atividades você deverá acessar o site abaixo e preencher a cruzadinha disponível com informações referentes ao abolicionismo e imigração no Brasil. As respostas deverão ser dadas na própria página.

Acesse o link: //studhistoria.com.br/cruzadinhas/brasil-imperio-abolicionismo-e-imigracao/

Questão 2 – Para você, o que é cultura? Como ela pode ser produzida?

Habilidade estruturante (EF08HI22) Discutir o papel das culturas letradas, não letradas e das artes na produção das identidades no Brasil do século XIX. 
(EF09HI01) Descrever e contextualizar os principais aspectos sociais, culturais, econômicos e políticos da emergência da República no Brasil.
Referências: BOULOS JÚNIOR, Alfredo. Sociedade e Cidadania. São Paulo: FTD, 2015.BLOCH, Marc. Apologia da História ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2002, p. 55.

Site Nova Escola. Plano de aula – A política na Primeira República. Disponível em: <//novaescola.org.br/plano-de-aula/5566/his9-01und02/sobre>. Acesso em: 30 de Janeiro de 2021.

Última postagem

Tag